segunda-feira, 18 de agosto de 2008

recurso III

Pela estrada
me afasto.

Pela estrada
fico mais longe do quarto
em que incansável, num desespero anormal,
te rasguei as roupas
por temer as tuas palavras.

Nem sabia o que te dizer
se me perguntasses. Cada vez que gemia,
o que queria era chorar.
Tocava-te os seios com força, queria que te doesse
como me doía a mim
que não me amasses. Que ninguém me amasse.

Pela estrada
vou sem que ninguém me ame. Agarro o volante como se agarrasse
a vida. Perder o controlo do carro.
Perder a vida.

Sem comentários: