segunda-feira, 22 de setembro de 2008

we the innocent we the guilty we the fuck

Despite what you may be looking
for, there is only one thing you´ll
ever find:
crime.
These days, whilke we stuggle
for freedom or peace,
every move that´s made is
a crime.

No need for left, right or
any kind of anarchy. You´ll be
judged, sooner or later
for waking up in the morning:
the thief who robbed a bank
today wouldn´t,
if he hadn´t woken up.

Even I,

even I am a criminal, everyday
standing up for those who
are not guilty or innocent. No one´s
innocent. Yet. no one´s guilty.
The difference
is only in being judged by
some random step you
took one day. Call it
a crime.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

o dia passa,

Barras de tribunais, barras de prisões
todo o dia sou fico preso atrás de umas, à frente de outras
o tempo
não cura a podridão no sangue. Espirra-se um
bafo criminal, lodoso, gangrenado de
culpas e inocências por provar,
a palavra mexe-se, serpenteia entre os ouvintes,
uma plateia como um coro
à espera do poder. No interior destas salas
amadurece uma doença
sem farmácia. Um sexo desprovido de contacto ou contágio,
único,
horrendo e desfigurado, anos e anos, anos e séculos,
olha em frente o homem
vestido de batina preta, mas severo que um
padre.

Anuncia que o mundo
nunca existiu sem crime.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O culpado treme, ao falar

A família do assassinado implora
por justiça. O culpado clama insanidade,
estava insano quando esfaqueou o rapaz que ia
comprar pão. Não sabia, coitadinho.

O juíz dá razão ao culpado. É cego.
Há alguns dias atravessei a estrada para
ir tomar café ao bar da praia
e vi-o, com um cão. Ao percebê-lo cego,
percebi porque dera razão
ao culpado.

A família afoga-se agora em
calmantes, Valium 10 e Xanax,
a chorar em frente aos retratos mórbidos
do rapaz, sem culpa alguma que
o juíz precise de um cão para
andar na rua.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

repórter em campo

Já não sei como consigo adormecer
depois de tudo o que vejo ao longo do dia.

No escritório, mais um assalto à mão armada. Ao chegar
a casa, se ligo a televisão,
bancos foram assaltados, velhos foram burlados,
matou-se o director de uma empresa,
o suspeito fugiu,
fugiu porque não é suspeito, é culpado.

Vem o pivot pedir mais informações
a um repórter em campo. A população queixa-se,
querem segurança,
querem andar na rua sem medo de um tiro
ou de um sequestro. O governo esfrega as mãos,
encolhe os ombros, diminui as prisões.

E não sei quem está a enganar quem? O governo
engana as pessoas? Os suspeitos enganam
quem decide? Enganamo-nos todos?

Deito-me sem conseguir olhar nos olhos
o repórter do outro lado do ecrã. O que vejo,
todos os dias,
não me permite estar em campo, nem ver o sol. Penso apenas
em como é uma sorte
ter chegado a casa sem ter
sido baleado ou assaltado,
na melhor das hipoteses.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

encontrar o culpado

Crime: do Lat. crimens. S. m., transgressão, infracção grave de um preceito da lei ou da moral; delito, facto repreensível, infracção de um dever.

Só um pensamento na ordem de assuntos do dia
para ficar no relatório:
encontrar o culpado, ainda que talvez não haja culpado. Indiferente
o século, a morte impingida, o roubo, o tiroteio
sempre hão-de ficar, a pairar sobre as cabeças
dos incautos e disponíveis
para a massificação da realidade
que à noite, e com prazer,
vemos ficcionada nos episódios de CSI.

Pensa-se que tudo é assim:
rápido, eficaz, infalível e contínuamente correcto. Errado.

Encontrar o culpado é arrancar à inocência
quem por si só se arrancou. Depois chegará o juíz,
do alto do púlpito corrigindo,
benévolo,
o que neste país e nos outros há de errado. Condenável.
Entregamos este papel a quem sabe,
diz-se,
mas a verdade é também que
pelas ruas, ainda há quem morra
sem ter pedido.